quarta-feira, 22 de agosto de 2007

Edmundo

Edmundo fala à Folha de São Paulo. Infelizmente, não está na íntegra.

Arrependido, Edmundo quer aposentar "Animal" Atacante desabafa e fala em fazer amizades para recuperar o tempo perdido

Palmeirense revela seu desgosto por trocar socos durante mais de dois anos com o zagueiro Antônio Carlos, colega nos anos 90

RICARDO PERRONE
DO PAINEL FC

Perto de sua despedida do Palmeiras e, talvez, do futebol, Edmundo, 36, apelidado de "Animal" devido ao intempestivo comportamento, tem até o fim de seu contrato, em dezembro, para ser mais dócil e ficar longe de polêmicas. Algo que não fez ao longo da carreira.
O plano foi traçado por ele, após nova turbulência, ao reclamar de vencimentos atrasados. Num desabafo de cerca de 40 minutos, por telefone, disse viver um momento de arrependimento. Como por ter se relacionado à base de socos com o zagueiro Antônio Carlos no Palmeiras dos anos 90.

IMPOSTOS
"A diretoria não me prometeu isenção. A empresa que eu tenho para receber meus direitos de imagem é do Rio. E eu estava pagando impostos de São Paulo também. Percebi, parei de entregar as notas, e eles de me pagar. Fui o mais culpado porque não entreguei as notas. Fiquei dez anos pagando multa de Imposto de Renda porque não sabia declarar. O doutor [Gilberto] Cipullo [vice de futebol] vai resolver tudo. Faltam 18 jogos, de repente até para terminar a carreira. Não quero acabar assim."

ARREPENDIMENTO
"Tenho vivido momentos de arrependimento muito grande porque durante a minha carreira fui antipático, arredio, mas era só por querer vencer. Sempre achei que todo mundo tinha que jogar como eu. Dava a bola redonda e queria receber redonda, mas nunca por maldade, juro pelos meus filhos. O Paulo Sérgio errou um passe [domingo, contra o Flamengo], e eu xinguei pra caramba. Mas agora vejo a intenção do cara, que foi boa, não o resultado."

AMIZADES
"Ao longo da vida as minhas reações às atitudes dos outros sempre foram ruins. Trabalhei com pessoas maravilhosas, conto nos dedos da mão as que não eram legais. Mas o meu jeito me privou de amizades, de coisas boas. E é isso que a gente leva. Tenho pensado muito nisso. Perdi um pouco de cabelo, ganhei um pouco de rugas e de peso. Mudei. Por tudo isso, se o Palmeiras chegar à Libertadores, vou comemorar como título. Pode ser a última vez."

ATÉ DEZEMBRO
"Quero recuperar o tempo perdido. Em seis meses não recupero 16 anos. Mas quero que esses 30 jogadores [do Palmeiras] contem história diferente da que os outros 300 têm para contar de mim. Tô tentando mudar, tentando, tentando..."

ANTÔNIO CARLOS
"No Palmeiras, eu e o Antônio Carlos brigamos de soco, de porrada, foram dois anos e meio assim. Hoje somos amigos. Éramos idiotas. Tínhamos o mesmo objetivo, mas um não respeitava o pensamento do outro. Brigamos por coisas insignificantes. Vaidade. Em 93 e 94, eu era o mais jovem do time, mas fui o mais adotado pela torcida. Aos olhos do Vanderlei [Luxemburgo] era o Antônio Carlos. Eu brigava para convencer o Vanderlei, e o Antônio Carlos para convencer a torcida. Coisa besta, de ego."

EVAIR
"Acham que eu e o Evair [atacante com quem jogou no Palmeiras] não nos damos. Não é assim. Contra a Ponte [no Paulista-07] ele foi me abraçar. Fico feliz. Nossa briga era com sinceridade, um olhava na cara do outro e dizia o que pensava."

MARCOS
Adoro o Marcão, mas detesto andar no carro dele. Ele escuta música do interior do interior, precisa de tradução. Se ele entrar no meu carro também não vai gostar, só escuto funk."

Fonte: Folha de São Paulo