quinta-feira, 28 de junho de 2007

Caso Richarlynson

Desde que Fabíola Reipert publicou em sua coluna Zapping que "um jogador de um clube paulista está negociando com o fantástico uma entrevista onde ele vai assumir sua homossexualidade", o bicho pegou!

Muito se comentou a respeito e o fato deu uma "agitada" no mundo esportivo.

Alguns encararam com humor: A dica cultural do Gavião ontem tratou disso - um importante membro do programa debate bola, o HG, declarou em uma entrevista que era gay. Claro, tudo zoação. Alias, a dica estará online ainda hoje.

Outros, encararam com certa seriedade: Foi o caso ontem, do programa Estádio 97. Com muita serenidade, os integrantes não zoaram a situação, ao contrário, deixaram bem claro o fato de não serem pré-conceituosos com opção sexual, etc. O programa vai estar disponível pra Download ainda hoje.

Juca Kifouri, na folha de São Paulo, também opinou. Segue sua opinião (Folha de São Paulo):

"A porcentagem de heterossexuais entre atletas é exatamente igual à que existe entre jornalistas. Ou nas Forças Armadas, ou na classe artística, entre médicos, engenheiros e advogados.
Ou cartolas. A de homossexuais e bissexuais também.
A diferença está na maneira como cada corporação aceita ou não as minorias.
E a do esporte é quase tão conservadora, para não dizer reacionária, como a dos militares. Daí ser raro que alguém assuma tal condição, por temer rejeição diante do preconceito.
Não é muito diferente da reação diante da nudez de uma mulher que viva no esporte ou da punição exagerada a que é submetida uma bandeirinha -que errou como erram os árbitros, impunes. Aí tem a ver também com o machismo.
Vampeta pode posar nu, Ana Paula, não. Ana Paula não pode errar, Carlos Eugênio Simon pode.
O homossexualismo no esporte só é problema quando significa assédio aos jovens, algo muito comum, e escondido, nas categorias de base. Porque, com freqüência, menores são forçados a fazer o que não querem.
De resto, deveria ser encarado com absoluta normalidade, como fazem os jornalistas, os artistas, enfim.
Lembremos, por sinal, que não existe opção sexual. As pessoas são como são porque nasceram do jeito que são.
Ficar escandalizado hoje com algum atleta que assuma sua condição homossexual não é muito diferente do escândalo que causaram os clubes pioneiros em aceitar jogadores negros em suas fileiras no início do século 20.
Ao contrário, o fim da hipocrisia é algo a ser saudado, até porque o mundo do esporte está cansado de saber quem é quem, apesar de guardar seus segredos de polichinelo em caixas-pretas indevassáveis.
Virá em boa hora, se vier, a abertura de mais uma.
Como a do doping, esta sim nociva à saúde e ao espírito esportivo."

Contudo, vejo 2 vítimas em potencial dessa história. A primeira vítima foi, na minha opinião, o cartola palmeirense Cyrillo Jr.

Justifico: O cara levou a público o que todo mundo diz, nas entrelinhas: Que o tal jogador é o Richarlynson, volante São Paulino. TODO MUNDO diz isso, às escondidas, e o Cyrillo foi justamente o cara que cobrou o pênalti, sem goleiro, que todo mundo (imprensa, radio, tv) queria cobrar, mas não teve coragem.

Lembra um pouco o caso Piquet x Senna. Certa vez, em entrevista a ESPN, Piquet comentou a polêmica. Todo mundo dizia, às escondidas, que Senna era gay e acabou vindo de público o que disse Piquet. Ele chutou a bola sem goleiro que qualquer um poderia ter chutado, mas que sobrou pra ele. Palavras dele, mesmo!

A segunda vítima, sem dúvidas, é Richarlynson. Segundo a folha de São Paulo, "seu empresário, Julio Fressato, negou que o volante seja o atleta na mira da Globo. "Quem não deve não teme. Não existe a mínima possibilidade de esse jogador ser o Richarlyson. Conheço a família dele, sua índole e seu caráter há 11 anos, desde que ele começou a jogar."

Ainda na folha:

"José Cyrillo Jr. afirmou ontem à Folha que não deveria ter citado o atleta no programa. Mas diz não crer que seja preciso pedir desculpas.

"Errei. Talvez não devesse ter dito o nome dele. Mas foi um ato falho. Em nenhum momento quis ser maldoso", afirmou o diretor palmeirense.
Cyrillo Jr. disse, inclusive, não ser preconceituoso e justificou-se dizendo "ser amigo e ter conhecidos homossexuais". Ele acredita que o fato ganhou uma proporção desnecessária. Mas prefere esperar o desdobramento do caso para saber qual atitude tomar."

"Declarações dadas na TV pelo diretor administrativo do Palmeiras, José Cyrillo Jr., devem levar Richarlyson, do São Paulo, a mover ações cível e criminal contra o cartola.

Indagado anteontem no programa "Debate Bola", da Record, sobre a possibilidade de haver um atleta homossexual no elenco palmeirense disposto a assumir publicamente sua opção, Cyrillo começou a responder dizendo: "O Richarlyson quase foi do Palmeiras".
A pergunta surgiu depois que a coluna Zapping, do "Agora", informou, sem citar nomes, que um jogador de um grande clube paulistano estava em negociação com a TV Globo para assumir a homossexualidade.
Ao tomar conhecimento das declarações de Cyrillo, o jogador pediu ao seu advogado, Renato Prata Salge, que analisasse a fita e verificasse se há providências a serem tomadas.
"Ele me autorizou a ver a fita e a defender os seus direitos caso haja necessidade, porque quem falou não tem competência para falar da intimidade dele. Ainda não vi a fita, que pedimos à Record, mas essas declarações infelizes podem dar motivo a uma ação cível e a outra criminal", disse Salge, sem definir que acusações haveria."

Ou seja, segundo o empresário do jogador, Richarlynson não é gay. Sendo isso verdade, com toda certeza tem sido um tremendo incômodo para o jogador tal situação. Não acho, contudo, que deva haver processo, afinal, ser gay não é crime nem ofensa que motive processo.

Vamos aguardar o Fantástico.

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